10 de set. de 2009

Desconfigurado

Hoje acordei bem cedo. O sol lá fora não era. O tempo era acinzentado, afinal estamos no inverno.

Me sentia com a cabeça pesada. Acho que ela doía mesmo. Um peso se abatia pelas minhas costas. Mas o dia de ontem não existia mais. Foi eliminado. Porém, o hoje ainda existe, talvez não exista o hoje, mas sim o agora. E é exatamente agora que estou me sentindo desconfigurado.
Parece que existe alguma peça que não esta funcionando nos conformes do mundo. Estou tonto, bobo, preocupado. Não sei por onde começo meu (des) concerto.

Tudo o que vejo parece real, mas percebi que não é assim. Toda comoção ao sentir e ouvir é pura manifestação de algo não-meu. Fui configurado de modo errado.

Fui lançado aqui, e só agora depois de décadas passadas, percebi que meu sistema é muito particular para os outros existentes. Meu sistema não é padrão. Meu sistema é por todos utilizados e aflora agora um sistema muito meu. Porém isto não é bem visto pelos sistemas padrões e centrais. Percebo que as redes agora querem me eliminar. Não participo mais da convenção. Estou só.

Preciso usar todo o meu (não) conhecimento para realizar meu (des) concerto. Usarei as formas padrão do agora para me encontrar no (não) mundo.

Vou me desligar e raciocinar um modo de realizar minhas vontades. Fui maquina, e agora que sou não-máquina, não me querem mais. Fui descartado como um lixo velho só por que descobriram eu sou diferente, não padrão. Ou melhor, talvez eu que pense isso ao descobrir que estou fora dos padrões. Estou em pleno desconcerto, desconfigurado. Vou me desligar e quando retornar espero tudo isso que (não) existe tenha se esvaído, passado...

Luna Alcântara
Inverno de 2009