15 de jun. de 2010

Nem para tudo que escrevo tenho um título.




Em um mundo em que há vida, há corpos e pensamento. Há angústias e discórdias para com o que o corpo faz da vida e avida do corpo. O pensamento muitas vezes aparenta estar deslocado do corpo, mas isso não é verdade! O pensamento por vezes se mostra tão atônito que parece ter um outro corpo. Mas não. O corpo é matéria em harmonia com o pensar. E é muito difícil que consigamos nos fazer claro. Teimamos em dizer o indizível!

É fato que por vezes há desentendimentos, e claro, desentendimentos se fazem necessários. Dentro desse percorrer de desentendimentos, pensamentos e corpos, não se pode esquecer do som do verbo. As palavras ditas e pelo corpo absorvidas surtem tamanho efeito que não se pode nem imaginar o tanto, isto é mais um fato que teimamos em dizer, quando tudo acontece no indizível. . Esse efeito se dá no corpo do mundo como um todo. Esse som traz consigo sentimentos com “n” possibilidades de ação.

Nessa vida, com o entendimento do corpo como morada do pensar, o pensar como morada do corpo, ambos prontos a desfrutar do som, e com isso é despertadas muitas ansiedades, muitas angústias.

Hoje e somente hoje, pois tudo está sujeito a mudança, a vida para os mais sensíveis, muda a todo o momento, o pensamento flui a cada segundo... Podemos afirmar que a angústia é o primeiro passo para o desejo... Desejo este que traz junto com sua angústia possibilidades e impossibilidades que o corpo pensante se mostra saudável a procurar.

Caminhando, seguimos em direção as nossas (in) possibilidades, angustiados pelo nosso caminhar em direções diversas, muitas vezes sem um caminho definido. E assim é que levamos a diante o que demos o nome de vida.

Em tudo dito há contradição, e a contradição parece ser a morada onde as coisas são definidas. Na contradição mora nossa desconfiança, e por isso partimos em direção ao que não sabemos e não passa pelo nosso entendimento, apenas seguimos na busca do que não temos, procuramos dentro de nós mesmos as nossas diferenças e indiferenças...

O senso comum diz que existem palavras negativas, mas isso não é verdade, dentro do negativo existem possibilidades, “n” possibilidades, inclusive a que pode tornar o negativo em algo positivo... De fato conceitos são importantes, mas o mais importante é a forma como se entende o conceito. Penso que para servir, o conceito deve ser desafiado.

Termino dizendo, mais uma vez o que não pode ser dito, é muito complicado, difícil e prazeroso o viver, o pensar, o ouvir, o falar... o Tatear torna-se impossível diante das possibilidades e o sabor de tudo isso é impossível, mas há sabor e lá no fundo sentimos que realmente há, e quando escrevemos e dizemos o que não se pode dizer ou escrever, escapamos de dentro de nós colocando para fora,para o corpo do mundo nossa angústia.

Agora esta angústia esta liberta, liberando quem sabe, conceitos á serem desafiados. O mais importante é que conseguimos dar vazão ao que está nos incomodando... assim vejo a utilidade das palavras nesse único momento que acabou de passar pela janela dos meus sentires...

Márcia Alcântara
Outono 2010

8 de jun. de 2010

Evento: Leituras do Contemporâneo

FOUCAULT e MERLEAU-PONTY: sobre o corpo e a educação

Compreender a formação da subjetividade moderna na perspectiva de Michel Foucault e Merleau-Ponty é nosso objetivo para esse encontro. Por meio de fragmentos do pensamento desses filósofos, pretende-se pensar o lugar do corpo e da educação na constituição do que somos e do que poderíamos ser. Baseados, principalmente, na discussão da obra

Vigiar e Punir de Michel Foucault e Fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty apresentaremos chaves de interpretação dessas duas temáticas e perspectivas para pensá-las no futuro.

DATA: O encontro acontecerá no dia 12 de junho das 09:30 às 13:30.
LOCAL: Livraria e Sebo Alpharrabio. Rua Eduardo Monteiro, 151 – Santo André – SP. Conheça: http://www.alpharrabio.com.br/.
VALOR: A taxa de inscrição é de 80,00. Este valor inclui material de apoio para estudo sobre os temas e certificado com carga horária de 6hs. As pré-inscrições devem ser feitas pelo e-mail cursolivrehumanidades@gmail.com indicando nome e telefone. O pagamento do curso se dará no dia 12/6 no local do evento.
BOLSAS: A livraria Alpharrabio oferecerá cinco bolsas integrais para o curso. Docentes da rede pública de ensino, que comprovarem o vínculo, terão 20% de desconto sobre o valor da inscrição. Estudantes de filosofia e pedagogia terão 50% sobre o valor da inscrição.


PALESTRANTES:

Suze de Oliveira Piza.

É Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2003). Atualmente é doutoranda em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP e professora assistente da Universidade Metodista de São Paulo ministrando disciplinas em diversos cursos da universidade na área de Filosofia. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Moderna e Contemporânea, atuando principalmente nas seguintes correntes de pensamento: Kantismo, Fenomenologia, Marxismo, Filosofia Latino-americana. É pequisadora na Cátedra Celso Daniel de Gestão de Gestão de Cidades (UMESP), Nucleo de Estudos em Filosofia Latino-americana (UMESP/PUC/USP), Grupo de teoria do direito, do Estado e da Democracia (UNICAMP). É membro da Sociedade Kant - seção Campinas. Tem artigos e livros publicados na área de atuação.

Wesley Adriano Martins Dourado.

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Metodista de São Paulo (2000), graduação em Teologia pela Faculdade de Teologia da Igreja Metodista (1997) e mestrado em Educação pela Universidade Metodista de São Paulo (2003). Atualmente é professor auxiliar da Universidade Metodista de São Paulo e professor titular de filosofia da Escola Municipal de Ensino Alcina Dantas Feijão. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, filosofia, fenomenologia e filosofia latino-americana. Tem trabalhos acadêmicos publicados em eventos nacionais e internacionais, revistas e capítulos de livros tratando, em particular, das relações da fenomenologia merleaupontyana com a educação bem como, da relação corpo-conhecimento. Atua, também, em cursos de graduação à distância, em particular no curso de Filosofia, Ciências Sociais, Letras e Pedagogia.

5 de jun. de 2010

Estado de Natureza, por Márcia Alcântara

Notas da autora: 1. Este estado de natureza que você vai ler ou não, logo a seguir, é fictício e não tem nada haver com realidade, personagens e talvez coisas sentidas ao longo da leitura ou não leitura, que você possa se identificar ou não, serão meras coincidências... 2.Este ainda é um rascunho, o texto ainda será aprimorado, pois este encontra-se muito precário. Escrevi para que não me fugisse a idéia de escrever um estado de natureza fictício.

Todos viviam em harmonia, cada um dividindo o mesmo lugar ao Sol, na chuva, ou ao Luar. Vivendo dos frutos colhidos da natureza, meio natural em que viviam. Os abrigos eram as copas das arvores. Dialogo? Não, não havia linguagem. Um olhar era o suficiente para a comunicação. Um gesto era capaz de muita coisa.

Mas tudo parecia pouco de mais, esse tudo não era mais suficiente. Isso eles imaginavam. Nem sabiam que eles tinham tudo que podia ser considerado bom. Entender-se através do olhar é algo mágico. Através de um simples gesto, entender o outro. Viver em completa harmonia dividindo com a natureza o espaço, era inefável, maravilhoso ao estremo. Olhar as dádivas da vida e da natureza como pureza, espetacular seria, eu diria. Olhar as estrelas, a lua numa noite limpa e pura, escutando ao fundo o barulho das outras criaturas...não souberam dar valor.

Parecia tudo pouco, tudo passou a ser banal. E então, um individuo, achou que poderia ter uma vida melhor, saiu a procura de outro lugar, e encontrou, afinal quando se procura, o intuito básico é o encontrar e foi o que aconteceu.

Tudo se desfez como encanto. Ao encontrar a sociedade, tudo se acabou, claro que não instantaneamente, com um pouco de demora, se é que se pode assim falar. O individuo encontrou uma sociedade, e para fazer parte dela era necessário um boa fala e comunicação.

Então foi se adaptando o pobre a sociedade atual, os outros indivíduos que viviam em estado de natureza, em estado mágico não o quiseram acompanhar e lá ficaram.

O indivíduo que saiu do estado mágico, agora falava... e deram a ele educação, o ensinaram até política...Agora ele se sentia feliz, mas ainda faltava algo, e procurou em toda parte por este algo. Começou a usar as arte-manhas que o ensinaram para encontrar o que nem ele mesmo sabia. E como tudo se aprende, lhe ensinaram que tudo na sociedade é valido, começou a ser um ser estranho. Estranho por não ser mais o que era antes. Um ser agora com personalidade e não mais natural. E busca por mais e mais coisas continuou...

Aprendeu como todas as outras coisas ensinadas a falsidade, a fazer crueldade, vestir-se num padrão que não era e nunca foi o seu. E passando por cima dos sentimentos alheios, afinal é assim que se vive numa sociedade que não o seu lugar natural, passou a ser algo tão natural essas coisas aprendidas e apreendidas, que esqueceu-se do seu verdadeiro lugar.
Claro que não existe só o mau. Mas para conseguir o que se quer quando não se pode, em sociedade é assim que se faz. Finge ser o que não é para ganhar mais e mais aliados.

Por enquanto ele é novo, digo o ser que saiu de estado mágico e natural. E a idade, e toda magoa que existe no outro, que foi enganado, um dia vai aflorar, afinal este lugar não é lugar natural de onde ele veio e abandonou. E quando ele perceber que ali não é mais o seu lugar, vai estar sozinho, por que nem mesmo os que eram seus companheiros, não mais se tornaram seus amigos, eles vão rejeitar sua compainha, porque ele aprendeu muito, aprendeu tanto que tornou-se especialista em mentir, e aprendeu que consegue enganar até mesmo seus próprios mestres, e assim ele chegará ao poder. Imaginou que sendo poderoso poderia assim ser ainda melhor. Isso era o algo que ele tanto queria, mas o fato é que ele ainda não esta feliz e mais e mais coisas ele quer, mas não sabe nem mesmo identifica-las...

E do outro lado, lá onde ele vivia antigamente o mundo continua doce, a luz da lua ainda é natural, a vida continua em natureza mágica....

Márcia Alcântara
Outono de 2010

2 de jun. de 2010

Pensamento...

Estive pensando.
E no meio do pensar
Mais um pensar interpolou o outro.

Fiquei imaginando a vida.
Bela e quem sabe não eterna.
Também quem imagina
Não revela.

Fiquei espantada com
A dúvida.
Se quem sabe, e quem descobre
Fica como eu, estúpida!

Admirada por sempre
Haver nova dúvida.

Fiquei então passeando,
Olhando as nuvens,
A imensidão das coisas que há,
Mas, cadê as coisas que não há?
Quem diz que não há?
Ué! será que para dizer
Não há!
Já não houve?

Só sorrindo!

Logo, mais uma dúvida aparece. Quando mais logo ainda perece, outra aparece.
A vida, que perece, é bela e me parece a dúvida é eterna!

Márcia Alcântara
Outono de 2010.