25 de abr. de 2010

Estado de Natureza

Um Pensamento externado e talvez Filosófico...

Para Um o Homem livre vivia em perfeita harmonia com o ambiente e todos que dele desfrutavam. Não havia disputa e tudo era de todos e nada era de ninguém. Enquanto que para o Outro, havia apenas disputas, desfrutavam do que julgavam ser de ninguém mas, que não houvesse outro no mesmo lugar, pois violento, assim como sua natureza, destruía qualquer coisa que ameaçasse o seu pedaço de fruta e a sua gota de água de coco. Eu julgo me encontrar em um estado de natureza onde é melhor não saber nada. Tudo o que aprendo e apreendo se torna um risco, inclusive a convivência com aqueles que dizem estar ao meu lado.

Para Um o governo aparece como forma de controlar tudo e todos, uma vez que se tornaram posseiros do que nem mesmo seu era. Para o Outro, o governo veio colocar a ordem antes que a matança fosse pior e acabasse de vez com as criaturas da terra. Para Um, harmonia era a vida de antes, mas a maldita posse sobre todas as coisas acabou com a vida harmônica e a simples sombra de uma árvore agora fica em um espaço que não é mais de todos, mas de apenas um. Para o Outro apenas a ordem sobre todas as coisas dos outros é que vale, claro que com permissão de Outro. O Governo veio e colocou harmonia onde antes tudo, mas tudo era violento. Para Mim, nada mais possui graça, se é que antes eu entendia como o mundo funcionava. O que vejo hoje é a disputa de todos contra todos mesmo que esses não possuam nada. E não possuem mesmo.

Fingimento, falsidade. Características fundamentais para o estado de natureza de hoje. Antes eu não sei, pois eu não vivia lá. Eu vivo o hoje e o agora e vejo, sinto, percebo, pego no ar a falta de vontade verdadeira de Um para com o Outro. Infelizmente vejo, sinto, percebo, pego no ar a criatividade do Outro contra o Um. Criatividade cruel que almeja apenas uma única coisa, ver a completa destruição do Um.

O Outro alega que esse Um pode lhe tirar todas as chances. Na verdade parece que esse Um é melhor que esse Outro. E a disputa interna está instaurada. Para mim, lutam á toa. Meu estado de natureza vai me proteger enquanto eu andar distraído e longe dessa crueldade inventada. Não disputo nada com ninguém. Eu posso tudo o que me é capaz de conseguir. O que não me for capaz, que fique para que o Um e o Outro lancem suas garras e comam, nem que seja Um ao Outro. Pois, dividir estes não sabem.

Estarei perto, tanto de Um quanto de Outro, mas analisando a mim mesmo. Sendo sempre Eunomundoparacomigomesmo. Mas nem por isso eu deixo de amar o Outro e o Um. Espero que estes se dêem conta antes de comer a única coisa que nos deixa vivo, o Um e o Outro.

Estado de natureza. Uma sentença tão Bela, visão romântica ou não, que quando analisada se torna áspera e infame. Mas revela nas suas poucas letras algo que o Homem traz - alguns escondidos outros mais nítidos - uma vontade cruel de ser o que não se é. E nunca conseguirá ser. E então a Roda da Fortuna gira. Embaixo, agora esta em cima. O corpo morre e vira adubo para o próximo vir a ser. E então um dia vai esquecer de ver a si mesmo, e no Um vai querer ser. Ciclo da vida.

Márcia Alcântara
Outono de 2010