8 de set. de 2009

Externo interno de mim...

A Chuva simplesmente cai lá fora. Hoje me angustio ao esperar pelo calor do Sol. Ontem me angustiava devido ao calor. Escutava o som do Mar, as ondas cochichando com a areia. Escutava apenas seus ruídos, mas não conseguia entender o assunto. Fechei os olhos e o calor consumia meu corpo. Escutava apenas as batidas do meu coração e o sangue a correr pelas veias. Sentia um cheiro forte de ferrugem misturado com cheiro de morangos e cerejas. Enxergava a cor da paixão. Continuei de olhos fechados e pensava então apenas em mim, pensava apenas em meus sentimentos desordenados.

Percebi que em meu devaneio interno, apenas eu, estava atuando. Apenas de mim dependia a vontade alheia. Senti medo. Me tornei mais angustiado que antes. Nessa angustia medonha, desentendida e sentida, é que percebi que sou um ser que vive a procura de coisas não sentidas, de fatos não resolvidos, de seres que não existem, de ações não acionadas.

Pude entender que dentro de mim há um mistério que quero resolver. As coisas que sinto não me levam alugar nenhum. Os fatos resolvidos foram por mim subsumidos e sumidos se encontram. Os seres que existem estão por ai, olhando apenas a si próprios durante todo o espetáculo do tempo. Existem ações durante todo o tempo que me deixam numa rotina que se torna para mim “invivível’.

Sem escolha, abro os olhos, começo enxergar o externo de mim, me vejo em todos e em tudo. Parece que sem mim, nada é. Parece que ao mesmo tempo não sou sem os que fora de mim se encontram.

Vivo agora em um eterno girar...tonto estou...bagunçado internamente, pois ao meu ver, ai fora tudo está parado e completamente arrumado. Sou um caos no mundo.
E agora simplesmente chove lá fora. Mas dentro de mim esta tudo seco.

Luna Alcântara
Tempo escuro e chuvoso
inverno de 2009