21 de mai. de 2009

Inautêntico

Confesso que esta noite não dormi.
A noite passada me foi serena.
Repleta da surpresas
Das quais apenas posso dizer,
E colocar no vento a palavra “inefável”.
Sim, eu a ouvi ontem.
Mas não consegui compreender o 
por que meus olhos se recusavam a fechar.
Meu ser foi então perfurado.
Em um momento pensei que tivesse
Sido consumido... Mas não fui,
O dia raiou, e aqui estou.
Então não fui contemplado
Com a morte. Ainda vivo!
E este não era o desejo.
Gostaria que tivesse sido
Consumido, consumido.
Não quero passar por coisas
Das quais estou passando!
Talvez eu precise de alguém
Que me console.
Aliás, penso que isso
Na verdade é uma quase certeza.
Preciso urgente me encontrar
Com um ser, uma alma, Boécio.
Ele sabe quem pode me consolar
Uma vez me parece que nunca,
Serei e nem poderei ser consumido.
Não posso neste mundo maldito
Ser contemplado, desdobrado em
Minha totalidade. Qual o meu castigo?
Viver para sempre como um ser
Inautêntico!

Marcinha Luna
Outono de 2009