28 de set. de 2009

Mais um nada

Aqui, neste mundo, eu faço filosofia.
No outro, eu não sei o que fazia, ou se fazia.
Ou quem sabe ainda se ele existia.

Se aqui faço filosofia, sou Filósofo.
Afinal, quem aqui faz psicologia é Psicólogo.
Ou quem sabe ainda, já enlouqueceu.

Agora descobri, tudo o que sou.
Louco e incompleto, nada e tudo.
Sou e não sou. Isso é o ideal.

Escrevo insanidades. E nada me completa.
Penso que aqui é parte que devo rir,
Rir do nada!

Angústia, medo, paixão.
Emoção, contemplação, admiração.
O escuro me espanta,
O obscuro, ainda mais.
Oh! Estou agora espantado.

É por isso que escrevo.
Para sair do espanto.
Despencando assim em uma
Iluminada escuridão!

Luna Alcântara
Primavera de 2009

24 de set. de 2009

Eu, Erro, Eros...

Ah! Sim. Eu erro.
Nem sempre acerto.
Não que eu queira
Simplesmente errar.
Estava tentando acertar.

Fui acertada.
Cometeram um erro!
Quero me encontrar
Cara a cara com Eros.
Nem sei o que á ele irei dizer.

Talvez, assim como eu
Ele também errou
Tentando acertar.
E assim, a mim
Simplesmente desconcertou!

Ah! Eros!
Que raios pensa ser tu?
Que raios pensa ser eu!?

O fato é que fui acertada,
Simplesmente fiquei
Desconcertada!

Luna Alcântara
Primavera 2009

20 de set. de 2009

Procuro (não) Encontrar

Sempre gostei de procurar. Em meio as letras, nas cores das figuras, no cheiro do ar, nas gotas da chuva, no azul do céu, no brilho da Lua, nas noites sem luar... no mato em meio aos troncos das árvores, no calor do sol, no arrepio da sombra. Procuro na alma alheia, no corpo do outro, na mente do próximo. Procuro nos animais, nas joaninhas, nas borboletas... Procuro na luz, procuro na escuridão.

Na minha maluca procura tenho um único medo: Encontrar. Eu procuro sempre tudo, desde Eu e minha essência, até o outro e sua essência. Será que são todas iguais? Será que somos todos iguais? Ah! Queria tanto saber. Mas e quando descobrir? O que vou procurar? Continuar...?

Em meio as letras, nas cores das figuras, no cheiro do ar e da chuva, no azul do céu, no brilho da Lua, nas noites sem luar... no mato em meio aos troncos das árvores, no calor do sol, no arrepio da sombra. Procuro na alma alheia, no corpo do outro, na mente do próximo. Procuro nos animais, nas joaninhas, nas borboletas...Procuro na luz, procuro na escuridão.

De fato o encontro pode se tornar extinção. Não terei mais o que fazer. Não terei objetivos a encontrar. Continuarei a viver sem ter a náusea da procura e a angústia por nada achar. Estes sentimentos, medo, náusea, angústia, são meus combustíveis... sem eles nada sou, nada procuro... a graça é não me encontrar, nada achar. Continuar sempre escondida na escuridão das noites sem Luar. Escondida como o sal do mar. Escondida, escondida... sem ninguém me achar.

Escondo-me feito animal em fuga. Continuo a procurar como animal faminto. Tenho medo de encontrar... medo de encontrar o caçador, medo de encontrar-me com a caça...tenho medo de um dia me encontrar...tenho medo de um dia encontrar-me contigo.

Luna Alcântara
Noite sem Luar, inverno de 2009
Com medo de encontrar

15 de set. de 2009

Uns

Uma vida. Um desejo. Uma magia. Uma luz. Um doce. Um azedo. Um pedido. Uma realização. Um prazer. Uma vontade. Uma realidade. Uma Lua. Um Sol. Uma estrela. Um copo de água. Uma jarra de suco. Um vestido. Uma sapatilha. Uma xícara de café. Uma barra de chocolate meio amargo.

Um dia. Uma lição. Uma aura. Um espírito. Um corpo. Um caderno. Um lápis. Um perfume. Uma fruta, morango. Uma revista. Um livro. Uma vontade. Uma (não) repetição.

Um céu. Um escuro. Uma iluminação. Um número. Um carro. Uma cor. Um sabor. Um retrato. Uma figura. Uma angústia. Uma amargura. Uma música. Uma recordação. Uma paixão. Uma (não) realização.

Uma procura. Um (não) encontro. Uma tortura. Uma montanha. Um penhasco. Uma subida. Uma descida. Uma fogueira. Um rio. Um banho. Uma toalha. Uma camisola.

Uma cama. Um travesseiro. Um lençol, branco. Uma floresta. Uma clareira. Um cansaço. Uma fome. Um chá de ervas. Uma flor. Uma filosofia, a minha!

Luna Alcântara
Antes da primavera 2009

10 de set. de 2009

Desconfigurado

Hoje acordei bem cedo. O sol lá fora não era. O tempo era acinzentado, afinal estamos no inverno.

Me sentia com a cabeça pesada. Acho que ela doía mesmo. Um peso se abatia pelas minhas costas. Mas o dia de ontem não existia mais. Foi eliminado. Porém, o hoje ainda existe, talvez não exista o hoje, mas sim o agora. E é exatamente agora que estou me sentindo desconfigurado.
Parece que existe alguma peça que não esta funcionando nos conformes do mundo. Estou tonto, bobo, preocupado. Não sei por onde começo meu (des) concerto.

Tudo o que vejo parece real, mas percebi que não é assim. Toda comoção ao sentir e ouvir é pura manifestação de algo não-meu. Fui configurado de modo errado.

Fui lançado aqui, e só agora depois de décadas passadas, percebi que meu sistema é muito particular para os outros existentes. Meu sistema não é padrão. Meu sistema é por todos utilizados e aflora agora um sistema muito meu. Porém isto não é bem visto pelos sistemas padrões e centrais. Percebo que as redes agora querem me eliminar. Não participo mais da convenção. Estou só.

Preciso usar todo o meu (não) conhecimento para realizar meu (des) concerto. Usarei as formas padrão do agora para me encontrar no (não) mundo.

Vou me desligar e raciocinar um modo de realizar minhas vontades. Fui maquina, e agora que sou não-máquina, não me querem mais. Fui descartado como um lixo velho só por que descobriram eu sou diferente, não padrão. Ou melhor, talvez eu que pense isso ao descobrir que estou fora dos padrões. Estou em pleno desconcerto, desconfigurado. Vou me desligar e quando retornar espero tudo isso que (não) existe tenha se esvaído, passado...

Luna Alcântara
Inverno de 2009

8 de set. de 2009

Externo interno de mim...

A Chuva simplesmente cai lá fora. Hoje me angustio ao esperar pelo calor do Sol. Ontem me angustiava devido ao calor. Escutava o som do Mar, as ondas cochichando com a areia. Escutava apenas seus ruídos, mas não conseguia entender o assunto. Fechei os olhos e o calor consumia meu corpo. Escutava apenas as batidas do meu coração e o sangue a correr pelas veias. Sentia um cheiro forte de ferrugem misturado com cheiro de morangos e cerejas. Enxergava a cor da paixão. Continuei de olhos fechados e pensava então apenas em mim, pensava apenas em meus sentimentos desordenados.

Percebi que em meu devaneio interno, apenas eu, estava atuando. Apenas de mim dependia a vontade alheia. Senti medo. Me tornei mais angustiado que antes. Nessa angustia medonha, desentendida e sentida, é que percebi que sou um ser que vive a procura de coisas não sentidas, de fatos não resolvidos, de seres que não existem, de ações não acionadas.

Pude entender que dentro de mim há um mistério que quero resolver. As coisas que sinto não me levam alugar nenhum. Os fatos resolvidos foram por mim subsumidos e sumidos se encontram. Os seres que existem estão por ai, olhando apenas a si próprios durante todo o espetáculo do tempo. Existem ações durante todo o tempo que me deixam numa rotina que se torna para mim “invivível’.

Sem escolha, abro os olhos, começo enxergar o externo de mim, me vejo em todos e em tudo. Parece que sem mim, nada é. Parece que ao mesmo tempo não sou sem os que fora de mim se encontram.

Vivo agora em um eterno girar...tonto estou...bagunçado internamente, pois ao meu ver, ai fora tudo está parado e completamente arrumado. Sou um caos no mundo.
E agora simplesmente chove lá fora. Mas dentro de mim esta tudo seco.

Luna Alcântara
Tempo escuro e chuvoso
inverno de 2009

4 de set. de 2009

A (não) Terapia...

Acordei e a angústia já me devorava.
A Chuva já molhava, não ontem, todas as coisas daqui.
E angustiada me coloquei a pensar e quão seria
Bom alcançar todos os desejos! Ah!
Mas quais são estes desejos?
Inefáveis, não consigo dizer!
Estou bobo, preciso de uma terapia.

Terapia! Será que me ajudaria?
Alguém apenas para me ouvir,
Mas não realizar meus desejos internos.
Alguém apenas para me suportar.
E doce palavras falar:

- O Terapeuta - Tenha fé doce criatura!
- O Eu - não consigo!


A (não) terapia não se realizou.
Continuo com minhas angústias.
Continuo com minhas dúvidas.
Ser ou não ser, sermelhor...

Prefiro a (não) terapia:
- Eu - como posso realizar minhas vontades?
- Terapeuta - Temperança sempre!
- Eu – mas o que é temperança?
- Terapeuta – Algo como paciência!

Vou embora e na (não) terapia
Vou (não) voltar...
Ela esta me confundindo
Ao deixar tudo muito óbvio.
Ela está me deixando maluca,
Por me fazer entender o que
Comigo está á acontecer.

Não quero nada entender
A Angústia me leva adiante
Por ela tenho um não-hoje.
Antes de ontem ou amanhã?
Isso vou descobrir agora!
Devo a ela meu momento de agora.
Dúvidas!
( não) terapia sempre!

Luna Alcântara
Manhã chuvosa de inverno 2009