Caro, Amor.
Tentei te escrever anos
atrás, quando você ainda era eu, mas não consegui. Tentei relatar, no papel,
tantas coisas, mas fui omissa e não consegui. Talvez, eu tenha sido mesmo, covarde.
Nunca me arrependi de sentirmos os mesmo aromas - as rosas tinham o mesmo perfume, tanto para
mim como para você. Os sabores - os
mesmos para mim e para você. E eu
sentia, sim, que havia certa reciprocidade, mas eu acho que não deixei me levar
o suficiente. E hoje, o rio que nos leva, é outro, tanto para mim quanto para
você.
Vivíamos em tão profunda
troca de olhares, que o que eu observava você, simplesmente, comentava. Éramos tão juntos, mas vivíamos, também,
separados.
Nunca descobrimos a cor do que acontecia.
Estávamos a todo o momento tentando descobrir o que acontecia e quem éramos de
verdade. Nunca descobrimos. Jamais descobriremos. Hoje acredito que não havia
cor, mas sim, transparência.
Nunca me deixei levar pelo
sentimento, sempre tive como compania a razão, talvez por isso em minha
vida, as recordações são tesouros,
muitos deles nunca revelados a ninguém. Deixei de lado o coração, nunca deveria
ter feito isso. Sei que não terei nova oportunidade com você, mas se acontecer
algo parecido, o que seria impossível, não deixarei ela ultrapassar meu corpo
sem desfruta-la. Não Prometo!
Promessas! De vida eterna, de
amor eterno, de amizade sincera. Me prometeste todas. Mas, não cumpriu. Deixei de acreditar no
sonho, na realidade, na vida como um todo. E tudo acabou antes de começar. Hoje
acredito que não deixei você cumpri-las.
Tornei-me uma pessoa dura,
amarga e não acredito mais em nada. Nada! E é por isso que sei que o nada
existe.
Ofertei a ti tudo o que eu
tinha, a sinceridade que pude. Esperei demais. Esperei o que não podia me dar. Nem
mesmo o nada você pode ofertar.
Me desiludi, e não sei como,
ainda espero, sinceridade. Devo estar louca, colocar tudo isso na forma de
letras, um crime talvez. Na verdade, não espero punição. Quero, apenas aliviar
um tormento, que invade a minha vida. Livrar-me da angústia que me leva,
infelizmente, não sei para onde. Quero me desfazer de todas estas
possibilidades que podem vir a ocorrer. Sim quero me desfazer. Quero que venha
às infinitas possibilidades, das finitas não quero mais saber. Me desculpe os erros, todos os erros.
O amor, que encontrei no seu
corpo, era finito e eu preciso do infinito para viver.
Antes sua, mas agora, nunca mais.
Eu.
Verão 2012, mas antes não
era.
Márcia Alcântara.